Autoconhecimento: o despertar do poder
Despertar para os caminhos a
seguir através da consciência de quem verdadeiramente somos. Despertar para o
mundo, identificando em nós o ponto de partida. Jean-Paul Sartre,
existencialista francês, desenvolveu toda sua base de pensamento na crença de
que o homem é o único responsável pelo seu destino, a partir de suas escolhas
individuais; é a atitude e o comportamento que irão estabelecer a forma de
lidar e reagir ao mundo.
É comum vivermos dilemas existenciais por não compreendermos nossa
essência e objetivos. A mudança pessoal requer o conhecimento prévio da
situação atual, conhecer o patamar em que nos encontramos, em relação aos
nossos limites e às dificuldades; esses questionamentos irão nortear toda a
gama de possibilidades que temos à frente. Por meio da análise interna de
virtudes e defeitos, identificamos claramente quem somos: anseios para a vida
pessoal e profissional e a habilidade de sonhar, idealizar e vivenciar.
Ampliamos a autoconsciência ao passarmos por um período de
introspecção, explorando nossas vontades e reações aos efeitos que nos cercam,
penetrando em nossa realidade íntima e nos permitindo perceber, observar e
compreender tudo o que existe dentro e fora de nós. Ao tomarmos consciência dos
próprios sentimentos e intenções, vislumbramos o que de fato pode influenciar
nosso comportamento, direcionando os esforços apenas para o que efetivamente
contribua para atingirmos a meta. Com essa atitude, criamos um ambiente
propício à mudança e ao crescimento interno.
Após a sondagem de tudo que desejamos e precisamos mudar em nós,
devemos estruturar e colocar em prática as ações para mudança. O sucesso
depende do que você faz ou pretende fazer para chegar até o objetivo; deixar ao
sabor da vida ou agir, mover, transformar. Compreendemos processos de mudança
através de uma forte imagem do eu ideal aliada à precisão do eu real.
Daniel Goleman, ressalta que esse tipo de visualização do futuro pode
constituir em uma poderosa ferramenta na identificação das possibilidades reais
em nossas vidas.
Atentas para o fato de que os melhores resultados advêm
especialmente de pessoas que estejam bem consigo mesmas, as organizações
abriram os olhos para a importância do despertar da consciência interna entre
os seus colaboradores. Melinda Davis, consultora de Marketing
norte-americana, desenvolveu um estudo, iniciado em 1996 – Human Desire
Project –, demonstrando que, cada vez mais, pessoas preferem ter
tranqüilidade e harmonia a bens tangíveis; o bem que todos buscam hoje é
a paz de espírito.
Incentivos à meditação, do encontrar consigo, por exemplo, já é uma
realidade presente em várias empresas, como na Chesf, onde a
Superintendência de Tecnologia da Informação foi pioneira investindo em
programas de desenvolvimento comportamental com foco no crescimento pessoal e
profissional da equipe. Em trabalhos como esses, as pessoas são levadas a
mergulharem em si, descobrindo em que podem melhorar nos seus relacionamentos
com os clientes internos e externos. São levadas a experienciar situações onde
é fundamental que o indivíduo se conheça; saiba sua reação diante dos
acontecimentos e, dessa maneira, possa agregar maior valor para a empresa.
Goleman acrescenta ainda que a autoconsciência, muitas vezes negligenciada na
esfera profissional, é o fundamento na administração eficaz dos
relacionamentos, especialmente para os líderes: sem reconhecer as próprias
emoções, não seremos capazes de gerenciá-las bem, tampouco compreender as
emoções dos outros. Profissionais autoconscientes identificam melhor suas
necessidades, permitindo a sintonia de interesses quanto às expectativas, aos
serviços e às recompensas.
Ampliar a mente, expandir a consciência e mudar. O contato com
nosso interior desperta nossa paixão, energia, vontade de viver e vencer. Isso
fomenta a mudança, fazendo com que nos concentremos em nosso ideal futuro,
preparando as circunstâncias em nossas vidas de tal maneira a estarem apontadas
na direção que desejarmos. Cada um de nós, no eu mais profundo, possui todas as
ferramentas necessárias para alcançar o sucesso, desde que fixemos metas e
trabalhemos paulatinamente para alcançá-las. Molden, destaca que é intrínseco
ao homem o desejo de mudança em algum momento de sua vida a partir da percepção
– consciência – de como o meio nos afeta e como reagimos a ele.
A reinvenção de nós mesmos, com foco no crescimento e no
alcance dos objetivos, incrementa o nível de satisfação interna e os resultados
oferecidos ao meio que estamos inseridos; no relacionamento conosco e com o
outro. A autoconsciência proporciona o poder de mudar a nossa realidade,
buscando em nós os meios de fazê-lo. Desperte para o poder, gerenciando o
próprio destino.
Fonte
OLIVEIRA, Renata.
Autoconhecimento: o despertar do poder. Disponível em:
http://www.rh.com.br/ler.php?cod=3746&org=2. Acesso em: 12 mai. 2004.